coluna Na VOZ do JEFF - jornal A VOZ DA CIDADE - sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Fica fácil compreender porque o prefeito José Luiz Anchite, o Zé Luiz (PP), guardou o secretário municipal de Ordem Pública, Antônio Carlos Elias, o Bitu, na “geladeira”. Na manhã de terça-feira e após telefonema de um rapaz que se identificou como Luis Cláudio, segui para prefeitura onde recebi as respostas relativas a dois dos quatro requerimentos que protocolei no dia 10. Ao chegar logo percebi que se tratava da confirmação de minhas informações sobre as doações de três veículos pelo SindPass ao governo municipal, e que com isso o Zé Luiz tinha mesmo era que segurar a onda de seu secretário, até porque, como prefeito ele recebe as doações, que por enquanto vou tratá-las como imorais, desde o dia 15 de junho de 2005, quando os empresários das Viações Santo Antônio, Santa Luzia e J.C.Guimarães, Ismael Moreira da Silva e Rafael Vilar Ferreira da Silva, que ocupam, respectivamente, os cargos de conselheiro fiscal permanente e diretor-secretário no SindPass, doaram o Uno Mille Fire Flex 4T, ano 2005/2006, cor branca, chassi nº 9BD15822764603443 no valor de R$ 20,3 mil, para a GM de Barra do Piraí.
Não satisfeitos os diretores do SindPass, grandes “beneméritos” do governo municipal, doaram novamente mais um veículo para o prefeito Zé Luiz e GM em 07 de fevereiro de 2006, desta vez a Fiat/Strada Fire Flex, ano 2006/2006, cor branca, chassi nº 9BD27801A62504120 no valor de R$ 26,366 mil.
Analisando o histórico das doações recebidas pelo prefeito “indiretamente” dos empresários Ismael Moreira e Rafael Vilar, suspeito que Zé Luiz esteja envolvido até o pescoço no caso e assim que forem confirmadas as denúncias de que o secretário de Ordem Pública, com a doação do terceiro veículo, um Uno Mille Economy Flex 1.0, ano 2010/2011, chassi nº 9BD15822AB6459791, em 15 de junho de 2010, deflagrou a operação vistas grossas na fiscalização das frotas da Santo Antônio, Santa Luzia e J.C.Guimarães, mais uma petição pedirá informações sobre penalidades impostas às empresas pela GM desde a primeira doação do SindPass em 2005.
Até o fechamento dessa coluna não me foram entregues as respostas aos requerimentos sobre os ônibus das empresas que foram fiscalizados, multados ou apreendidos, e também sobre os veículos apreendidos nos últimos 12 meses, pois volto a afirmar sem medo de errar, que o secretário de Ordem Pública apreendeu muito perto de 100 por cento em motocicletas por não possuir local adequado para apreensão de veículos maiores e também para fabricar multas e taxas de permanência no galpão da GM, seguindo estritamente recomendações do prefeito, que o nomeou para executar a missão de inviabilizar politicamente o projeto de seu sucessor colocando em prática ações que o Zé Luiz esquiva-se das responsabilidades sobre elas quando é questionado. Bitu permanece como secretário congelado unicamente para implantar o projeto contra os taxistas. Zé Luiz quer que o Bitu seja responsável por suas atitudes enérgicas somente contra pequenos e pobres.
ESCÂNDALO NO ALUGUEL DA SEDE DA GM
O proprietário Paulinho Anchite é mais um “benemérito” do governo José Luiz Anchite recebendo somente R$ 1 mil mensais de aluguel pelo imóvel da GM desde 2006. (foto Jeff Castro)
Eu já começo a acreditar que o secretário de Ordem Pública apenas dançou conforme a música. A resposta ao segundo requerimento incendeia a suspeição de subfaturamento e complementação no valor do aluguel do galpão da GM.
O contrato de locação assinado pelo prefeito José Luiz Anchite e Paulo César Mahé Anchite informa que o imóvel com 136,4 metros quadrados na Rua João Pessoa, foi alugado por 30 meses por irrisórios R$ 1 mil mensais, sendo reajustado em 30 de janeiro de 2009 para R$ 1,089 mil até 31 de julho de 2011, colocando o proprietário do imóvel no rol dos “beneméritos” do governo municipal, pois até para mim que não sou corretor de imóveis fica fácil avaliar que o galpão vale pelo menos R$ 5 mil mensais de aluguel.
Sobre o valor do aluguel na sede da GM o vereador Mario Esteves (PMDB) afirmou que somente uma comissão parlamentar de inquérito na câmara poderá investigar pedindo na justiça a quebra do sigilo bancário dos envolvidos. “Tenho fortes indícios de que alguém está complementando este aluguel e nós vereadores temos obrigação de investigar o caso. Vou pedir abertura de CPI para descobrir se este primo do prefeito, proprietário do imóvel, gosta de jogar dinheiro fora alugando um galpão na Rua João Pessoa com aquelas dimensões por apenas R$ 1 mil”, disse Mario Esteves.
Ressalto a inexistência de termo de avaliação no processo de locação do imóvel, contrariando a legislação licitatória que também não pode passar despercebida pelos membros do Ministério Público de Tutela Coletiva de Barra do Piraí.
SUSPEITAS VÃO ALÉM DE DOAÇÕES, MULTAS, APREENSÕES DE ÔNIBUS E ALUGUÉIS
O prefeito não tem como esconder seu envolvimento com o
empresário do transporte Ismael Moreira. (foto/montagem Jeff Castro)
Reunido com diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Barra Mansa, Barra do Piraí, Piraí, Valença, Resende, Volta Redonda, Rio Claro, Angra dos Reis, Parati e Itatiaia, tomei conhecimento das ações adotadas durante a greve dos rodoviários que colocou em xeque as concessões das empresas Santo Antônio, Santa Luzia e J.C.Guimarães em maio do ano passado.
Com notícias protocoladas no Ministério Público e na prefeitura informando crime de apropriação indébita dos descontos não repassados ao INSS e FGTS cometidos pelas citadas empresas, o presidente do sindicato, Raimundo José Filho, pediu no dia 22 de maio de 2009 a cassação das concessões ao prefeito Zé Luiz. Segundo diretores do sindicato nenhuma providência foi tomada pelo prefeito, como também nenhum órgão acionado informou as providências tomadas para defender os direitos dos trabalhadores do setor. “Os depósitos de INSS estão atrasados desde 1999. Isso é crime de apropriação indébita e ninguém faz nada!”, bombardeou o sindicalista José Domingos, o Zé da Mula.
Agora, eu já não sei mais se coloco em xeque a decisão que manteve as concessões dos empresários Ismael Moreira e Rafael Vilar, perguntando, quanto vale uma negociação deste porte, ou se questiono o prefeito, que como homem público que assinou três doações dos empresários, no meu ponto de vista não possui isenção moral para decidir se as empresas infringiram ou não gravemente as normas como concessionários do transporte público.
R$ 1,6 MILHÃO PARA TRANSPORTAR ESTUDANTES DE MARÇO A AGOSTO
Para que servem os ônibus escolares entregues pelo governo
do estado a Secretaria de Educação de Barra do Piraí?
do estado a Secretaria de Educação de Barra do Piraí?
Só para informar, que a prefeitura gastou R$ 1.418.679,73 com a empresa Ana Paula L. O. Transportes Ltda ME, de março a agosto deste ano para transportar estudantes de Ipiabas, São José do Turvo, Dorândia e Vargem Alegre. Também no mesmo período, outra empresa, a Rical Vassouras Transporte e Turismo Ltda – ME, recebeu R$ 251.308,65 para executar transporte de estudantes em localidades longínquas.
Agora, cá pra nós, R$ 1,6 milhão para transportar os estudantes dos distritos de março a agosto?
Este governo municipal vai colocar nossa educação no caminho dos tigres asiáticos.
ZÉ LUIZ DOOU R$ 50 MIL PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO
Por que o MP, que gastou R$ 2,5 milhões para construir a sua sede aceitou
do prefeito Zé Luiz uma doação do terreno no valor de R$ 50 mil?
E já que o assunto é o verdadeiro sentido da palavra doação, vou abordar outro que me incomoda também. Eu já fiz o prefeito Zé Luiz sorrir ironicamente com perguntas insinuantes sobre o terreno no bairro Matadouro, que foi doado pela prefeitura no valor de R$ 50 mil para construir a sede do Ministério Público em Barra do Piraí, no valor total de R$ 2,8 milhões. Agora eu pergunto, novamente de forma insinuante, se é recomendável ao fiscalizador, que vai gastar R$ 2,8 milhões em seu prédio, aceitar R$ 50 mil como doação do fiscalizado?
Não é!
Não adianta!
Podem me pendurar no poste que eu vou morrer gritando que não é recomendável!
Não me venham com essa história de estreitar o bom relacionamento entre os poderes, porque os poderes são feitos de seres humanos, falíveis, em todas as esferas.
Já ouvi muita gente relacionando essa doação a uma suposta carta branca, que aparentemente o prefeito Zé Luiz possui para fazer o que bem entende no município.
Só que nunca ninguém me apresentou indícios para que essas ilações adentrassem no território das suspeições. Outra coisa, eu tenho convicção de que os promotores públicos que trabalham em Barra do Piraí não recomendariam a doação do terreno efetuada pelo fiscalizado se a decisão estivesse ao alcance de suas canetas.
Neles eu confio, lá em cima, não!