coluna Na VOZ do JEFF - jornal A VOZ DA CIDADE - sexta-feira - 19 de novembro de 2010
Minha última coluna revelando a relação suspeita entre o secretário municipal de Ordem Pública, Antônio Carlos Elias, o Bitu, e os empresários do setor de transporte, Ismael Moreira da Silva e Rafael Vilar Ferreira da Silva, repercutiu em todas as esferas do poder em Barra do Piraí.
Na reunião dos vereadores de terça-feira, Mario Esteves (PMDB) disse que as denúncias são gravíssimas e que poderão resultar até em pedido de cassação do prefeito José Luiz Anchite (PP). “Se for preciso pedirei abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar as questões levantadas num jornal de grande circulação do sul fluminense”, disse o vereador solicitando ao diretor da câmara o envio de requerimentos com o mesmo teor das quatro petições protocoladas por mim na semana passada na prefeitura barrense. “Será que aprovamos a criação da Secretaria Municipal de Ordem Pública para punir somente motociclistas, ciclistas e camelôs? Somente os pobres? Nenhum ônibus foi multado, fiscalizado ou apreendido? Nem o meu ônibus? Meu ônibus andou irregular até dias atrás e nunca foi sequer fiscalizado”, alfinetou Mario Esteves, emendando: “o prédio alugado para servir de sede da GM pertence a um parente do prefeito e eu quero saber sobre o contrato o mais rapidamente possível”.
O vereador Pedrinho ADL (PRB) informou que o valor do aluguel do galpão sede da Smop e GM é de R$ 1,8 mil mensais, e que o mesmo realmente pertence a um parente do prefeito Zé Luiz. “O aluguel está muito abaixo do valor de mercado. É um pingo no oceano e existem suspeitas de que o SindPass complementa esse valor junto ao proprietário”, disparou Mario Esteves querendo saber por que o sindicato das empresas de ônibus doou quatro carros zero quilômetros, equipados com GPS e giroscópios, mais mobiliário, bebedouro e computadores para a Smop e GM, se a prefeitura não precisa dessas doações para equipar proporcionando autonomia aos servidores públicos municipais.
Na manhã de quarta-feira eu ouvi o prefeito José Luiz Anchite (PP), que me prometeu apuração séria e transparente. Zé Luiz afirmou que meus requerimentos serão respondidos no prazo e que se comprovadas às suspeitas providencias serão tomadas. O prefeito reconheceu que é no mínimo inconveniente para o cargo de secretário de Ordem Pública, guardar um automóvel no pátio das empresas de ônibus. “É realmente uma relação que compromete a postura do homem público”, argumentou o prefeito preferindo não responder ou comentar sobre outras questões até que as denúncias sejam apuradas pelo governo municipal.
O IMBRÓGLIO
Há um ano à frente da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Smop) e Guarda Municipal (GM) de Barra do Piraí, Antônio Carlos Elias, o Bitu, nunca fez muita questão de esconder seu estreito relacionamento com os empresários do setor de transporte, Ismael Moreira da Silva e Rafael Vilar Ferreira da Silva, sócios das Viações Santo Antônio, Santa Luzia e J.C. Guimarães, com sede no bairro da Vila Helena, para onde foi levado e ainda se encontra no pátio da empresa, o veículo Marea, ano 2000, placa KMI 6111, que pertence ao secretário e foi alvejado por um coquetel incendiário na madrugada de 26 de abril deste ano, na Rua Major Ferraz, Centro da cidade.
Mas, se já era imoral o fiscalizador guardar seu veículo incendiado no pátio da empresa do fiscalizado, o relacionamento pode ter ultrapassado as fronteiras da imoralidade com as “doações” do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros - SindPass – Barra Mansa, onde os empresários Ismael Moreira da Silva e Rafael Vilar Ferreira da Silva ocupam, respectivamente, os cargos de conselheiro e diretor-secretário.
A gente já sabe que é imoral o SindPass-BM assumir o papel de grande “benemérito” do poder público barrense doando mobiliários, computadores, bebedouro e os quatro veículos da Smop e GM (três Unos e uma Fiat pick-up equipados com aparelhos GPS), só que, essas ações poderão enveredar por caminhos mais tortuosos caso as suspeitas de que essas doações resultaram em “operação vista grossa” na fiscalização exercida pela Secretaria Municipal de Ordem Pública e Guarda Municipal, forem confirmadas.
Para descobrir se a moeda de troca pelas doações é a “operação vista grossa” na fiscalização dos ônibus das Viações Santo Antônio, Santa Luzia e J.C. Guimarães, protocolei quatro petições requerendo informações sobre as doações do SindPass; fiscalização, multas e apreensões de ônibus urbanos pela Smop e GM; contrato de aluguel da sede da Smop e GM, e finalmente, sobre os proprietários e veículos multados e apreendidos nos últimos 12 meses, pois existem fortes indícios de que o secretário de Ordem Pública apreendeu somente motocicletas e bicicletas para fabricar multas e taxas de permanência no galpão da GM, onde não há espaço para apreensão de carros e ônibus.
SUSPEITAS VÃO ALÉM DA SMOP
Com a greve do Sindicato dos Rodoviários do Sul Fluminense em maio do ano passado entrou em xeque às concessões de ônibus urbanos com as Viações Santo Antônio, Santa Luzia e J.C. Guimarães, como alvos principais em várias denúncias sobre não cumprimento de deveres trabalhistas e falta de manutenção adequada com o conseqüente ou inconseqüente sucateamento da frota. Prometendo informações em breve, sem que seja necessário outro protocolo e petição na prefeitura, o prefeito Zé Luiz abordou superficialmente a questão informando apenas que multas altíssimas foram aplicadas às empresas, segundo ele, cerca de R$ 4 milhões que estão em fase recursal. Além disso, o prefeito disse existir um compromisso firmado pelos empresários com o poder público estipulando prazos e providências urgentes no cumprimento das obrigações inerentes as concessões.
“Multas na Ordem Pública?” – perguntei.
“Na Fazenda” – respondeu o prefeito.
Antes desse encontro com o prefeito Zé Luiz na quarta-feira, telefonei para a assessoria de imprensa da prefeitura para saber se poderia receber algum tipo de informação sobre o processo aberto na ocasião da greve dos rodoviários. A assessora Cristina Moreira me atendeu prometendo informações sobre o assunto, que à época, segundo Cristina, tinha sido tratado pelo vice-prefeito Maércio de Almeida (PMDB). Então eu telefonei para o vice-prefeito Maércio querendo saber sobre o processo que a assessora de imprensa havia afirmado ter sido comandado pelo vice-prefeito. “Iniciei o processo como prefeito interino e quem encerrou foi o Zé. As questões eram FGTS e horas extras atrasadas. Houve duas reuniões entre o Heitor (procurador Heitor Favieri Filho), Paulinho (secretário de Planejamento Paulo Roberto Costa de Oliveira) e representantes do sindicato dos rodoviários, que fizeram suas reivindicações sem a presença do Rafael (Rafael Vilar Ferreira da Silva – diretor das viações e do SindPass), que só compareceu depois que a empresa foi notificada pela prefeitura” – disse Maércio.
Agora, o mais triste nisso tudo é que os diretores das concessionárias são também diretores do SindPass, o grande “benemérito” do poder público barrense.
Doar – dar, entregar - Doar é entregar-se para o outro! Ser caridoso e prestativo aos serviços do próximo! – eu li este significado no http://www.dicionarioinformal.com.br/.
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