segunda-feira, 8 de março de 2010

PELA LIBERDADE DE IMPRENSA

“Durante o primeiro ano de dominação fascista, 1922-23, tinham-se pilhado e incendiado as oficinas e redações dos jornais de oposição. Redatores e correspondentes foram agredidos, feridos, banidos. Edições inteiras de jornais foram incendiadas ao sair das oficinas, ou à sua chegada nas estações de estrada de ferro. Os vendedores eram ameaçados e agredidos e suas bancas incendiadas. De vez em quando os dirigentes provinciais seqüestravam edições inteiras dos jornais. Mas as velhas leis que garantiam a liberdade de imprensa continuavam oficialmente em vigor, e os confiantes continuavam a esperar que estes atos ilegais e inconstitucionais cessariam um dia, e que a liberdade de imprensa se instauraria de novo.”

(Gaetano Salvemini, La Terreur Fasciste, Paris, 1930. págs 238-247)

“Inicialmente devemos salientar a tendência para se transformar a imprensa, de atividade econômica profissional e cultural privada, em ‘serviço público’. Isto se deu com o Marxismo, o Fascismo e o Nazismo, sempre com o mesmo pretexto de que jornal representa interesses capitalistas e não a liberdade de pensamento.
Não se pode negar o poder econômico sobre a imprensa como sobre qualquer outra atividade humana, no Estado moderno. No regime democrático, porém, este poder econômico atuando livremente atua diversamente, isto é, se distribui entre diferentes opiniões que oferecem base de apoio a diferentes tipos de jornais. A submissão dos jornais aos governos não diminui a influência do poder econômico sobre eles; apenas concentra este poder que, exercendo-se sobre o governo, faz dele o seu conduto único de pressão sobre a imprensa. Então, ainda que nos situemos no campo exclusivamente material do interesse econômico, desprezando a parte moral e ideológica que sabemos existir na imprensa, ficaremos diante de um poder econômico que atua sem oposição, o que é muito pior, pois livre da fiscalização e da crítica dos interesses contrários, ele se expande em prejuízo da moral pública e das verdadeiras necessidades do Povo.”

(Afonso Arinos de Melo Franco, Pela Liberdade de Imprensa, 1957. págs 45-49)

“Prefiro ser governado por homens honestos chamados de ladrões, do que por ladrões chamados de homens honestos. Nos países livres, os jornais sustentam partidos diferentes, defendem interesses de classes opostas; o que cala por motivos sonantes, ou outro revela; a campanha iniciada por uma folha paga encontra na folha rival, respostas vigorosas. Mesmo se a verdade, calada por um jornal de 500 mil exemplares, é revelada por outro que tire 10 mil, chega afinal ao público. De resto, já se observou que a grande imprensa, com enormes tiragens, está longe de ser a única e mesmo a mais influente”.

(Georges Weil, Le Journal - Paris – 1934)

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