Em 10 de março de 1890 acontecia a emancipação política e
administrativa de Barra do Piraí às margens dos Rios Piraí e Paraíba do Sul,
cujo acidente geográfico provocado pelo encontro entre os rios dava origem ao
nome do primeiro município brasileiro criado no regime republicano.
Em 1952, passados 62 anos era inaugurado pela Light S/A o
primeiro sistema de transposição das águas do Rio Paraíba do Sul, que, aliado a
inversão das águas do Rio Piraí passava a produzir energia elétrica em Lajes,
no município de Piraí, onde, após girar as turbinas as aguas do Piraí e Paraíba
do Sul seguiam para desaguar no Rio Guandu e serem captadas como principais fontes de abastecimento de água tratada na cidade do Rio de Janeiro.
Mais 62 anos se passaram e hoje,
em 2015, nós temos um Rio Piraí morto, um Rio Paraíba do Sul moribundo, cidades sem água após a transposição para o sistema inaugurado em 1952 e 9
milhões de pessoas na região metropolitana no Rio de Janeiro muito próximas do
colapso no abastecimento de água tratada, e isto sem falar na produção de energia elétrica
comprometida com as baixas nos reservatórios e usinas da bacia do Velho
Paraíba.
A sacanagem com Barra do Piraí
começou alguns anos antes de 1952, quando a Câmara de Vereadores local concordou com a modificação
no projeto de transposição do Rio Paraíba do Sul, que era para ser criado após
a cidade – à jusante – e por questões de economia para a empresa foi executado
antes – à montante. Esta modificação foi fatal para o Rio Piraí, que desaguando
no Rio Paraíba do Sul após a barragem de Santa Cecília teve sua pena de morte
executada rapidamente.
A sacanagem prosseguiu quando o Congresso aprovou royalties para os municípios que produzem energia sem se preocupar com os municípios que fornecem água para a produção de energia.
Agora São Paulo anuncia a
transposição do Rio Paraíba do Sul para abastecer o sistema Cantareira e eu
posso prever que daqui a 62 anos não teremos mais o Velho Paraíba para abastecer
de água tratada a população fluminense e tampouco para produzir energia
elétrica no Sudeste brasileiro.
Eis que eu ligo a TV e vejo que a
culpa é atribuída a São Pedro.
Exploramos os recursos naturais sem nos preocupar em preserva-los para que as
fontes não se esgotem.
Aqui começa a transposição do Rio Paraíba do Sul. Quatro tubos com capacidade de bombear 40 mil metros cúbicos de água por segundo para os sistemas da usina de Lajes e do Rio Guandu.
Tudo isso começa na Usina Elevatória de Santa Cecília.
A prioridade é o bombeamento para o sistema de energia elétrica da Light e abastecimento do Rio Guandu. O sacrifício fica para a vazão após a barragem de Santa Cecília, reduzida de 71 m³/s para 41 m3/s podendo chegar a 30 m³/s.
Vejam como fica o leito do Rio Paraíba do Sul após a barragem.
Após percorrerem cerca de 5 quilômetros de túnel sob as colinas as águas bombeadas do Rio Paraíba do Sul chegam a localidade conhecida como Valão, em Santanésia, município de Piraí, de onde seguem com as águas invertidas do Rio Piraí para a Usina Elevatória do Vigário, também em Piraí.
A Usina Elevatória do Vigário, em Piraí, recebe as águas do Rio Paraíba do Sul e Piraí, de onde elas seguem para produzir energia em Lajes e abastecer 9 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Barragem de Santana, na divisa entre Piraí e Barra do Piraí, local onde foi decretada a morte do Rio Piraí com à inversão de suas águas para abastecer os sistemas de Lajes e Guandu.
O Rio Sacra Família, afluente que chega da cidade de Mendes e ainda mantém um filete de água no leito do finado Rio Piraí.
Aqui jaz o Rio Piraí. Foto registrada na Ponte da Vargem Grande, em Barra do Piraí e há 5 quilometros após a inversão do Rio Piraí na barragem de Santana.
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