quinta-feira, 25 de março de 2010

DUAS VEZES EM NOVE ANOS OFENDIDO PELO PASTOR CELSO MARTINEZ, DA IGREJA BATISTA


Assim como eu respeito à fé do pastor Celso Martinez, gostaria que a minha também fosse respeitada.

Fui a Igreja Batista de Barra do Piraí em duas tristes oportunidades. A primeira em 2001 e na Rua Moreira dos Santos para participar da cerimônia fúnebre do presidente da Câmara, Hamilton Baltazar; a segunda na semana passada e também para me despedir da amiga inesquecível de minha adolescência, Rosane Martins do Amaral Pires.
Confesso que pensei muito antes escrever este comentário, até porque eu tive nove anos para avaliar a relevância e oportunidade do mesmo. Então cheguei à conclusão que era importante para a liberdade religiosa revelar que nas duas oportunidades eu deixei a Igreja Batista me sentindo ofendido pelo Pastor Celso Martinez:

“Porque Hamilton Baltazar acreditava num Jesus Cristo vivo, não pregado numa cruz!”, disse o Pastor Celso em 2001.

“Porque Rosane acreditava num Jesus Cristo vivo, não num corpo cadavérico pregado na cruz!”, disse o Pastor Celso na semana passada.

Como não se tratava de um culto da Igreja Batista, mas de cerimônias ecumênicas para familiares e amigos de Hamilton Baltazar e Rosane, acredito que o Pastor Celso, homem respeitado em sua Igreja, poderia ter sido um pouquinho mais inteligente e gentil com os presentes.
Eu entrei e saí da Igreja Batista nas duas oportunidades com meu crucifixo no peito e me sentindo ofendido pelo Pastor Celso Martinez, que o rotulou como corpo cadavérico pregado na cruz.
Sobre a Igreja Batista tenho a dizer que possui pastores e membros valorosos, como minha sogra, Clenir dos Santos Souza, e o próprio pastor Celso Martinez.
Sobre as cerimônias fúnebres tenho a dizer que foram emocionantes e consoladores para familiares e amigos dos que partiram ao encontro do Jesus dos batistas, umbandistas, católicos, enfim, dos cristãos.
Era o que eu tinha a dizer.

segunda-feira, 8 de março de 2010

PELA LIBERDADE DE IMPRENSA

“Durante o primeiro ano de dominação fascista, 1922-23, tinham-se pilhado e incendiado as oficinas e redações dos jornais de oposição. Redatores e correspondentes foram agredidos, feridos, banidos. Edições inteiras de jornais foram incendiadas ao sair das oficinas, ou à sua chegada nas estações de estrada de ferro. Os vendedores eram ameaçados e agredidos e suas bancas incendiadas. De vez em quando os dirigentes provinciais seqüestravam edições inteiras dos jornais. Mas as velhas leis que garantiam a liberdade de imprensa continuavam oficialmente em vigor, e os confiantes continuavam a esperar que estes atos ilegais e inconstitucionais cessariam um dia, e que a liberdade de imprensa se instauraria de novo.”

(Gaetano Salvemini, La Terreur Fasciste, Paris, 1930. págs 238-247)

“Inicialmente devemos salientar a tendência para se transformar a imprensa, de atividade econômica profissional e cultural privada, em ‘serviço público’. Isto se deu com o Marxismo, o Fascismo e o Nazismo, sempre com o mesmo pretexto de que jornal representa interesses capitalistas e não a liberdade de pensamento.
Não se pode negar o poder econômico sobre a imprensa como sobre qualquer outra atividade humana, no Estado moderno. No regime democrático, porém, este poder econômico atuando livremente atua diversamente, isto é, se distribui entre diferentes opiniões que oferecem base de apoio a diferentes tipos de jornais. A submissão dos jornais aos governos não diminui a influência do poder econômico sobre eles; apenas concentra este poder que, exercendo-se sobre o governo, faz dele o seu conduto único de pressão sobre a imprensa. Então, ainda que nos situemos no campo exclusivamente material do interesse econômico, desprezando a parte moral e ideológica que sabemos existir na imprensa, ficaremos diante de um poder econômico que atua sem oposição, o que é muito pior, pois livre da fiscalização e da crítica dos interesses contrários, ele se expande em prejuízo da moral pública e das verdadeiras necessidades do Povo.”

(Afonso Arinos de Melo Franco, Pela Liberdade de Imprensa, 1957. págs 45-49)

“Prefiro ser governado por homens honestos chamados de ladrões, do que por ladrões chamados de homens honestos. Nos países livres, os jornais sustentam partidos diferentes, defendem interesses de classes opostas; o que cala por motivos sonantes, ou outro revela; a campanha iniciada por uma folha paga encontra na folha rival, respostas vigorosas. Mesmo se a verdade, calada por um jornal de 500 mil exemplares, é revelada por outro que tire 10 mil, chega afinal ao público. De resto, já se observou que a grande imprensa, com enormes tiragens, está longe de ser a única e mesmo a mais influente”.

(Georges Weil, Le Journal - Paris – 1934)